quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Evolução da Economia Internacional

Estudo

Prof.: José Amado

Período da Segunda Guerra até o fim do Sistema de Bretton Woods

Antecedentes:

Com o fim da primeira guerra mundial em 1918, os países europeus estavam com suas economias completamente debilitadas. Os sistemas produtivos destruídos e suas dívidas, decorrentes do esforço de despesas de guerra, muito elevadas.

Nessa circunstância muitos países abandonaram o padrão ouro, elevando-os a inflação e obrigando-os a intervir na taxa de câmbio para viabilizar suas exportações.

De alguma forma toda essa situação contribuiu para que eclodisse a segunda guerra mundial. Com a segunda guerra a Europa sofre novo debaque e sua economia volta a viver momentos de dificuldades. Há esse tempo, os Estados Unidos surge como maior potencia econômica e militar do ocidente e coube a esse país a responsabilidade pelo soerguimento e econômico da Europa ocidental, até mesmo, para impedir o avanço da União Soviética sobre os demais países europeus.

Em 1944 foi realizada a conferencia de Bretton Woods com a finalidade de se encontrar formulas de financiar a reconstrução da Europa. Imaginou-se, por inspiração americana, um Plano que se chamou de European Recovery Program (ERP), que ficou mais conhecido como Plano Marshall.

O Plano Marshall incluía ajuda inclusive aos países do leste europeu que ficaram sobre a proteção da Rússia, ajuda que foi, evidentemente, rejeitada pela União Soviética. O total de recurso disponibilizado para reconstrução da Europa somava US$ 13 bilhões que, a preço de hoje vem a corresponder, a algo em torno de US$125 bilhões.

O Plano Marshall ensejou o restabelecimento da produção europeia que já na década de 50 ultrapassava os níveis superiores aos atingidos antes da guerra. Elevou o nível do emprego fortalecendo a demanda interna. Vale ressaltar, entretanto, que a maior parte das importações europeias era proveniente dos Estados Unidos, significando que o Plano também beneficiou o Estado Americano.

Por outro lado o Plano Marshall foi essencial para sustar o avanço de União Soviética sobre a Europa Ocidental, motivando, por seu turno, o surgimento de um esquema de segurança comum capaz de desestimular qualquer pretensão Soviética de avançar sobre a Europa ocidental – Otan – Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Na Reunião de Bretton Woods foi apresentada duas teses; uma apresenta por Keynes e outra de autoria Harry White. A tese de Keynes propunha a criação de um sistema capaz de garantir a liquidez internacional, com a criação de uma espécie de banco central internacional (International Clearing Union), onde todas as reservas dos países membros fossem lá depositadas e que esse banco central emitiria uma nova moeda denominada de Bancor. As teses de Herry White que foram aprovados foram a da volta do padrão ouro, paridade monetária estáveis e a eliminação do controle cambial.

Para que essas propostas fossem viabilizadas foi criado o FMI – Fundo Monetário Internacional e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).

  • O Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD
O BIRD foi criado em 1944 é também conhecido por Banco Mundial, seu objeto quando da criação era de viabilizar a reconstrução dos países arrasados pela guerra. Após a reconstrução da Europa, o Banco voltou-se seu atendimento aos países subdesenvolvidos. Atualmente o Banco Mundial continua a financiar a infra-estrutura dos países em desenvolvimento e promove empréstimos privados a empresas dos países em desenvolvimento.

  • Fundo Monetário Internacional – FMI

Foi também criado, com a Reunião de Bretton Woods, com o objetivo de garantir a estabilidade financeira e econômica do mundo, dando cobertura ordem monetária, eliminação dos controles cambiais, dar assistência aos países com problemas de balanço de pagamento e oferecer recursos monetários aos países membros quando justificáveis.

Conceitos:

Paridade Monetária – relação das moedas nacionais com o ouro (padrão ouro). Na verdade a dólar americano que na época era uma moeda conversível em ouro. Desta forma todas as moedas ficaram com cotações estáveis em dólar, sendo permitido, entretanto, uma variação de 2%, ou seja, 1% acima e 1% abaixo do dólar. O país que desejasse proceder qualquer reajuste em sua moeda acima do permitido deveria consultar o FMI.

Eliminação do Controle Cambial – obedecido os princípios da paridade acima não haveria flutuação cambial. Não deveria haver restrição à entrada ou saída de capitais, exceção ao chamado hot money ( dinheiro quente).

  • Fim do Sistema de Paridade fixa
- Crise do dólar
Em decorrência da crise de balanço de pagamento dos Estados Unidos, que desde 1950 começou a apresentar déficits crescentes e que foram agravados com as despesas da guerra do Vietnã, bem como, pela elevação das taxas de juros na Europa em 1970, o dólar americano começou a apresentar crise de confiança. Assim os portadores de dólares americanos começaram a procurar os Bancos Centrais da Europa para trocá-los por divisas europeias, especialmente, pelo marcos alemães e francos suíços. Por força do acordo de Bretton Woods os bancos centrais eram obrigados a sustentarem as paridades fixas e procederam as trocas.

A Alemanha pressionou o Tesouro Americano a converter o excesso de dólar em seu poder em ouro. As reservas americanas de ouro do Tesouro americano vinham sofrendo já algum tempo perdas significativas e em 1970 era de apenas US$ 11. Bilhões, tendo o Governo Americano pleiteado à elevação das moedas europeias, no que não foi atendido, obrigando-o à decisão de não mais manter a conversibilidade do dólar em ouro e estabelecer uma sobre taxa de 10% em todas as importações americanas, para conter o Déficit em seu Balanço de Pagamento. Com essa decisão americana os Bancos Centrais da Alemanha e Holanda quebram as regras de Bretton Woods e deixaram suas moedas flutuarem.

Buscando a manutenção das regras de Vretton Woods os países industrializados celebram um acordo que ficou conhecido por SMITHSONIANO, por ter sido decidido no Instituto Smithsonian em Washington em 1971, que em síntese consistia:

  • retomada da taxas fixas de câmbio, mas com novas paridades;
  • valorizações de algumas moedas;
  • desvalorização do dólar e algumas outras moedas.

Mas esse acordo não conseguiu atingir seus objetivos e, em 1973, surgiu nova crise monetária internacional, quando Governo americano determinou nova desvalorização do dólar, em face aos persistentes déficits em seu Balanço de Pagamento. Essa decisão sepultou definitivamente os acordos de Bretton Woods.

Vale destacar, que o FMI tem sofrido inúmeras criticas ao longo de sua existência, uma das mais consistentes é feita por um Prêmio Nobel da economia Milton Fiedmann na qual afirma que o FMI não possui mais papel a desempenhar, porque sua principal atribuição era a fiscalização da paridade monetária e, não mais existindo essa paridade seu papel é dispensável.

A Relação do Brasil com o FMI

Nossas relações com o FMI foram, de modo geral, tumultuadas. No Brasil sempre existiram posições nacionalistas e de esquerda que não pouparam criticas ao papel do FMI às várias vezes que tivemos necessidade de sua ajuda. O Brasil foi ao FMI, no Governo de Juscelino Kubitschek , Jânio Quadros, Castelo Branco, João Figueiredo, Sarney, Collor e Fernando Henrique.


Comportamento da Economia Internacional das Crises do Petróleo à Crise Argentina.

A primeira crise do Petróleo ocorreu em 1973, época bastante tumultuada da economia internacional, quando ocorreu a instabilidade cambial com a desvalorização do dólar e a chamada guerra do Yom Kippur, entre Síria e Egito contra Israel.

O preço do Petróleo sofreu uma elevação de mais de 390%, saindo de US$ 2,20 o preço do barril para US$8,65. Isso ocasionou déficits no balanço de pagamento nos principais países do mundo e em especial nos países do Primeiro Mundo que foram obrigados a reduzir suas importações, dificultando anda mais a situação dos países em desenvolvimento.

A segunda crise do Petróleo ocorreu em 1979 devido à guerra entre o Iran e Iraque e seu efeito foi tão devastador para economia mundial quanto o primeiro. Mas, por outro lado, com o alto preço do petróleo, que chegou a US$32,00 por barril, passou a viabilizar jazidas até então tidas como inviáveis, como a do Mar do Norte e jazidas brasileiras. Buscou-se, outrossim, o uso de energias alternativas e no Brasil e implantou o PROALCOOL um dos programas brasileiros mais bem sucedidos.

O mundo também passou a usar o petróleo com mais racionalidade. A indústria passou a fabrica veículos mais econômicos e o consumo mundial de petróleo caiu significativamente, mas não o suficiente para fazer baixar seu preço, até porque a essa altura não seria bom para ninguém.

CRISE MEXICANA

A crise mexicana eclodiu quando o país decidiu honrar seus compromissos internacionais, originários de déficits de balança de pagamento, com recursos obtidos com Hot Money (capital especulativo). Esses recursos buscaram a economia mexicana devido a perspectiva do NAFTA ( Acordo de Livre Comercio da América do Norte) e da posse de um governo que oferecia confiabilidade Carlos Salinas.

Calcula-se que no ano de 1994 tenha entrada no México somente em hot money algo em torno de 75 bilhões de dólares. Com esse dinheiro o governo passou a honrar sua divida externa. Mas a conjuntura econômica internacional se modifica. O Governo americano eleva persistentemente sua taxa de juros que saiu de 2,25% em fevereiro de 1994 para alcançar 5,5% em novembro do mesmo ano. Nesse período também se agrava a situação política do México com o assassinato do candidato a presidente da república Luis Donaldo Colasio e com a revolta dos Chiapas. Esses fatos assustaram os investidores internacionais que, evidentemente, com é comum a esse tipo de dinheiro, debandaram da economia mexicana da noite pro dia.

Acrescente a tudo isso a mal calculada política cambial que vinha sendo praticada pelo México desde 1990, com uma desvalorização cambial, significativamente inferior à inflação interna e isso mantinha o peso mexicano valorizado facilitando as importações e evidentemente, dificultando as exportações, acumulando assim saldos negativos na balança comercial.

  • Medidas Mexicanas Para Minimizar os Efeitos da Crise

Os críticos apontam como mais desastrosas às medidas adotadas para minimizar o efeito da crise, como pior que a própria crise. O Ministro das Finanças mexicano Senhor Jaime Serra Puche adotou as seguintes medidas:

. desvalorização do peso em 15%;
. congelamento dos preços por 60 dias;
. restrição ao aumento salarial por 60 das.

Essas medidas fizeram despencar a Bolsa de Valor mexicana e de quase toda América Latina. As reservas mexicanas de divisas despencaram, o Ministro das Finanças foi demitido e o país quebrou literalmente, exigindo um apoio americano, conforme o previsto nos termos do NAFTA.
Mas uma vez o FMI foi apontado como culpado pela crise mexicana e se defende afirmando que houvera alertado às autoridades mexicanas sobre o risco de desvalorização do peso.

  • Consequências da Crise Mexicana

Na Argentina

O quadro cambial de economia Argentina era muito parecido com o da economia Mexicana. O peso argentino mantinha a paridade de 1 para 1 com o dólar americano, medida adotada para conter a inflação interna.

A rigidez de sua política cambial que permitia a conversibilidade do poso por dólar não tardou a afetar seu balanço de pagamento, que desde 1991 começou a apresentar déficits, especialmente nas contas de transações correntes.

A saída de dólar da economia Argentina significava à redução de peso do meio circulante pela obrigatoriedade que tinha o Banco Central em recolher em peso o valor dos dólares saídos. Evidentemente, que essa medida iria mais cedo ou mais tarde significar aperto de liquidez.

Com esse quadro e mais repercussão da crise mexicana, fez despencar a Bolsa de Valores obrigando ao Governo elevar a taxa de juros internos a 25% e a vender dólares de suas reservas. O quadro recessivo afetou o sistema financeiro nacional quebrando inúmeros bancos, com repercussão no setor produtivo com o fechamento de mais de 3.000 estabelecimentos.

No Brasil

As consequências da crise mexicana no Brasil ficaram conhecidas como efeito tequila e afetou especialmente o movimento de nossas bolsas de valores que caíram algo em torno de 40 bilhões de dólares. Seu efeito não foi mais devastador devido o bom nível das reservas cambiais (40 bilhões de dólares) e da diversificação da nossa pauta de exportação.

Na verdade a crise mexicana serviu para chamar a atenção do Brasil de que para conter a inflação interna não é suficiente apenas adotar o dólar com âncora cambial, como alias chamou a atenção à época o Prof. Mário Henrique Simonsen “os déficits cambiais de novembro e dezembro acenderam a luz de advertência do Plano Real”. Para nossa economia melhorar não basta somente à âncora cambial.


CRISE NA ASIA

A crise asiática está diretamente vinculada à crise no Japão. A economia japonesa começa a apresentar mau desempenho a partir de 1992. Neste ano seu crescimento foi de apenas 1% , com isso a economia começa a apresentar sinal de recessão. Buscando reverter o quadro recessivo o Governo Japonês reduz a taxa de juros e de redesconto bancário. Os bancos japoneses que dispunham de alto nível de deposito para aplicar esses recursos, especialmente para os países conhecidos como “Tigres Asiáticos” ( Coréia do Sul, Hong Kong, Tailândia, Malásia, Indonésia, Filipinas, Taiwan e Cingapura).

Os empréstimos dos Bancos Japoneses eram feitos em dólar americano e de modo geral os tomadores ofereciam como garantia imóveis. Ocorre que o dólar elevou-se significativamente em relação ao iene e o mercado imobiliário passou por uma forte crise, dificultando o pagamento da dívida com os bancos japoneses, levando o sistema bancário japonês à falência.

O Japão era o maior comprador dos países asiáticos. Com o Japão em crise e mais a concorrência dos produtos Chineses, um a um os países conhecidos com Tigres Asiáticos começaram a apresentar dificuldades econômicas.

O primeiro apresentar dificuldades foi à Tailândia. Sua política cambial era baseada na vinculação rígida da moeda ao dólar isso favoreceu suas exportações no período de queda no valor do dólar de 1986 a 1995. A partir de 1995 o dólar começo um período de valorização e com isso as exportações tailandesas começa a sofrer queda e nenhuma medida cambial foi adotada para modificar o quadro de dificuldades das exportações. O reflexo logo se fez sentir em seu Balanço de Pagamento. Para cobrir o déficit cambial o país eleva a taxas de juros internas, atraindo capitais de hot money que passa a financiar o déficit cambial.

Para remunerar os recursos de hot money o governo tailandês vende títulos públicos, mas os juros pagos por esses títulos eram maiores que os recebidos pela aplicação das divisas estrangeiras. Essa situação chamou a atenção dos aplicadores internacionais, que começaram a retirar seu capital do país iniciando a crise asiática.

Os problemas econômicos da Tailândia se estenderam para os demais países do leste asiático, tendo a alcançado seu ápice entre 1997 e 1998. Hoje a economia dos Tigres Asiáticos, apresentando uma recuperação extraordinária, registra crescimentos econômicos significativos.

CRISE DA RÚSSIA
A transição da economia planificada para uma economia capitalista se fez de forma bastante rápida, a maquina estatal Russa era desorganizada e o déficit público era relevante, especialmente devido o alto grau de sonegação. O país se sustentava com a exportação de petróleo.

Com a queda do preço do petróleo em 1976, a única fonte de financiamento do governo russo se esgotou e o governo buscou o mercado internacional para financiar se déficit público. Não podendo saldar seus compromissos internacionais, seu credito foi rareando e outra saída não restou a país se não decretar moratória em 1998.

Essa decisão russa afetou todo mercado financeiro mundial e o FMI teve que socorrer a economia russa emprestando US$ 32 bilhões de dólares.

Já em 1999 a economia russa começa a se recuperar com a elevação internacional do preço do petróleo e devido reformas fiscais e administrativas internas.