sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Exercício Elaboração de Projeto

Exercício II
Elaboração e Análise de Projeto
Prof: José Rodrigues Amado

Exercício:

Uma planta industrial voltada para produção de televisores coloridos, localizada na cidade de Santarém no Estado do Pará, inicia sua produção no mês de junho de 2.003 e apresenta os seguintes dados:

  1. MERCADO CONSUMIOR:
    • Todo o Brasil

  1. POLITICA DE VENDA:

    • Vendas à vista: 20% do faturamento total, com 10% de desconto sobre venda (custo efetivo de venda);
    • Venda para 30 dias, 50% do faturamento total;
    • Venda para 60 dias, 20% do faturamento total;
    • Venda para 90 dias, 10% do faturamento total;
    • Desconto bancário de 90% das vendas a prazo.

  1. POLÍTICA DE ESTOQUE:

    • 30 dias para matérias-primas;
    • 60 dias para materiais secundários;
    • Obs: na aquisição das matérias-primas a empresa recebe 30 dias para pagamento e, na aquisição de materiais secundários 60 dias,

  1. PRODUÇÃO:

    • 10.000 Televisores coloridos/mês.

  1. RECEITA DE VENDAS MENSAIS:
    • R$ 5.000.000,00

  1. CONSUMO MÉDIO MENSAL:

- Matérias-primas R$ 1.320.000,00;
    • Materiais Secundários R$ 220.000,00.





  1. CUSTOS MENSAIS:

    • Fixos ...........R$ 625.000,00
    • Variáveis .... R$ 1.840.000,00 , não estando incluído o desconto sobre vendas, nem depreciação, calculada pelo método linear sobre máquinas e equipamentos, tão pouco, juros sobre capital próprio, calculado sobre 30% dos investimentos totais, a uma taxa de 2% ao mês e juros sobre empréstimo calculado à taxa de 2% ao mês. O empréstimo a longo prazo terá 5 anos de carência para amortização, mas durante a carência serão pagos os juros.

  1. OUTRAS INFORMAÇÕES:
    • Investimento Total ...................................R$ 80.000.000,00
    • Máquinas e Equipamentos........................R$ 40.000.000.00.


PEDE-SE:

  1. Montar o Quadro de Orçamento de Recitas e Custos mensal e anual;
  2. A necessidade de Capital de Giro a custo efetivo de produção, apresentando o quadro de sua composição;
  3. Montar o Quadro de Uso e Fontes, considerando que a empresa completa suas necessidades de recursos financeiros com empréstimo de longo prazo junto ao BNDES;
  4. Calcular a Capacidade de pagamento, considerando que os custos financeiros, ou seja, os juros sobre empréstimos a longo prazo, não foram incluídos no custo operacional e que, do lucro apurado 35% se destina ao Imposto de Renda; 5% comporão a Reserva Legal e, do lucro a distribuir, 70% irão para aumento de capital; 15% para gratificação de diretores e o restante para pagamento de dividendos;
  5. Calcular o Ponto de Equilíbrio em termos de receita total;




Boa Sorte.





terça-feira, 11 de outubro de 2011

Exercício Elaboração e Avaliação de Projetos


EXERCÍCIO

Elaboração e Avaliação de Projeto
Prof: José Amado

Uma planta industrial voltada para produção de televisores coloridos, localizada na cidade de Aracaju-Se, iniciará sua produção no mês de junho de 2005, apresentando os seguintes dados:

  • Mercado Consumidor:

. Todo o Brasil
  • Política de Vendas:
. Vendas à vista 20% do faturamento total, com 10% de desconto sobre o valor da venda, que deve ser lançado como custo de produção;

. Vendas para 30 dias, 50% do faturamento total;
. Vendas para 60 dias, 20% do faturamento total;
. Vendas para 90 dias, 10% do faturamento Total;
Obs: São descontados em bancos 70% das vendas a prazo.

  • Política de Estoque:

. 30 dias para matérias-primas;
. 60 dias para materiais secundários.
Obs: Na aquisição das matérias-primas, a empresa recebe 30 dias para pagamento e para materiais secundários 60 dias.

  • Produção:

. 10.000 televisores coloridos/mês

  • Receitas de Vendas Mensais:

. R$ 5.000.000,00

  • Consumo Médio Mensal:
. Matarias - Primas R$ 1.320.000,00
. Materiais Secundários R$ 220.000,00

  • Custos Médios Mensais:

. Fixos: R$ 625.000,00
. Variáveis: R$ 220.000,00 (não incluído o desconto sobre vendas)

Obs: Não está incluído nos custos a depreciação sobre máquinas e equipamentos, calculado pelo método linear, nem juros sobre capital próprio calculados sobre 30% dos investimentos totais, a uma taxa de 2% ao mês.

  • Outras Informações;
Máquinas e Equipamentos ....................R$ 40.000.000,00
Outras Imobilizações Técnicas.............. R$ 38.000.000,00

Pede-se:

  1. Montar o quadro de Orçamento de Receitas e Custos;

  1. Montar o quadro de Usos e Fontes de Recursos, considerando que a empresa completa sua necessidade de recursos financeiros com empréstimo a longo prazo junto ao BNDES;


  1. Calcular a Capacidade de Pagamento do Projeto, chamando atenção que: do resultado operacional bruto será deduzido os juros s/ empréstimo a longo prazo, calculados a uma taxa de 12%aa e do resultado operacional líquido, 35% são destinados ao Imposto de Renda, 5% comporão a Reserva Legal e do Lucro a Distribuir, 70% irão para reserva para aumento de capital, 15% para gratificação de Diretores e o restante para pagamento de dividendos;

  1. Calcular o Ponto de Nivelação em termos percentuais;


  1. Determinar a rentabilidade do Investimento Total.



Boa Sorte.


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Mercado de trabalho


Mercado de Trabalho - Estudo
Prof. José Amado

O Mercado de Trabalho é uma instituição do sistema capitalista de produção. O Mercado de Trabalho surgiu com o trabalho assalariado, que é um sistema de trabalho relativamente novo na história da humanidade. A forma de trabalho mais antiga e que mais durou na história da humanidade foi o trabalho escravo; o trabalho assalariado surge, efetivamente, com a revolução industrial e é a revolução industrial o berço do capitalismo.

Pode-se afirmar que o Sistema Capitalista de Produção depende do Mercado de Trabalho e vice-versa. Um não existe sem o outro. O Mercado de Trabalho se caracteriza pelo compra e venda de mão-de-obra. Essa compra ocorre de forma coletiva e, quase sempre, patrocinada pelo Estado. Nesse mercado são negociados salários, horário e condições de trabalho.

O Mercado de Trabalho da forma acima definido é denominado de mercado formal por seguir uma legislação que regula as relações trabalhistas e que tem o Estado como patrono. O contraponto do chamado trabalho formal e o trabalho informal, relação de trabalho que se desenvolvem sem o patrocínio do Estado e onde as leis econômicas de mercado mais se evidencia.

O tamanho do Mercado de Trabalho é uma variável dependente do tamanho da economia. Assim, quando maior a economia maior será o mercado de trabalho, ou seja, quanto maior o Produto Interno Bruto – PIB de um país maior será o mercado de trabalho. Mas o PIB é uma variável fluxo, podendo ser maior ou menor a cada ano, dependendo, portanto, da política macroeconômica.

Vale destacar que uma economia apresenta um potencial de produção e, tendo um potencial de produção, tem um potencial de emprego, pode-se assim definir produto potencial como aquele que poderia ser alcançado e sustentado usando-se eficientemente os fatores de produção no longo prazo. A economia que atinge seu nível máximo de produção, quando ela está operando a pleno emprego. Ou seja, quando não há desemprego de fatores de produção. Em uma situação contrária, ou seja, uma economia com desemprego de fatores nos conduz ao conceito de Produção Efetiva (economia operando com desemprego). A diferença entre Produto Potencial e Produto Efetivo e denominado de hiato do produto

PIB potencial – PIB efetivo = hiato do produto

Como se observa, quando maior o hiato de produto maior o desemprego de fatores de produção (recursos naturais, capital e trabalho). O tipo de desemprego que chama mais atenção é, evidentemente, o fator trabalho. Esse é, com certeza, o grande problema das economias modernas. Vários fatores são apontados para essa tendência mundial de desemprego, o que aliás já se previa desde a década de 60 do século passado, devido, especialmente, a evolução tecnologia e das técnicas de organização da produção. Mas como se acreditava á época, que o setor serviço, em especial, a industria do lazer viesse absorver a mão de obra liberada pela indústria, com, aliás, aconteceu com a agricultura. Evidentemente que o Turismo evoluiu e hoje emprega bastante, mas não o suficiente para absorver a massa de mão-de-obra liberada pela industria e, a tendência, é que a indústria continue liberando mais ainda em decorrência as técnicas de produção e da inexorável evolução tecnologia fomentada, especialmente, pela necessidade da eficiência produtiva, condição sine qua non para sobrevivência das empresas em uma economia globalizada.

É necessário, diante dessa tendência, que se busque alternativa. Na Europa já registra-se movimentos no sentido da redução de horas de trabalho, numa menor idade para aposentadoria. Mas essas medidas irão exigir toda uma reformulação (uma reengenharia) cultural e de produção, que esbarrará na própria organização capitalista de produção.


terça-feira, 31 de maio de 2011

Causas das Críses Econômicas Brasileiras - Leitura de Bresses Pereira

Economia Brasileira
Causas das Crises Econômicas Brasileiras
Leitura de Bresser Pereira


Prof. José Rodrigues Amado

Os estudos até agora levados à discussão com os senhores, apenas relatam as diversas crises econômicas vivenciadas pelo Brasil após a década de sessenta. Convém agora estudarmos as causas dessas crises.

Na análise das causas vamos nos guiar por duas linhas de pensamento econômico que, além de buscar identificar as causas das crises, também propõem soluções. As linhas de análise das crises econômicas são a neoliberal e a baseada na crise do Estado, também chamada por se criador, Bresser Pereira, de estratégia da social democracia pragmática.

Identificam-se entre uma e outra linha alguma identidade. Ambas baseiam-se no que chamam de populismo nacionalista – crescimento ou fortalecimento do estado, mas discordam quanto á causa básica das crises e da forma como resolvê-las.

Os neoliberais entendem que a causas das crises tem origem exclusivamente interna e são originárias por problemas domésticos – crescimento exagerado do estado. Enquanto os que analisam através da ótica da crise do Estado entendem que além do crescimento equivocado do estado - causa de seu enfraquecimento, soma-se à crise da divida externa.

Nas propostas de solução, ambas concordam ser necessário reduzir o tamanho do estado através da privatização e liberar a economia (princípios neoclássicos). Mas os que defendem a abordagem neoclássica colocam com essencial o estado mínimo, ou seja, o estado sem nenhuma ação coordenadora sobre o mercado. Enquanto, os seguidores da abordagem da crise do estado desejam manter o estado como coordenador, porém, fortalecido através de uma reforma fiscal para que ele recupere a sua capacidade de ação.

Na analise interpretativa das crises econômicas vividas pelo Brasil na visão dos seguidores da abordagem da crise do estado, entendem que origem dos problemas econômicos atuais esta, exatamente, na permanência da política de substituição de importação quando este modelo de crescimento já estava esgotado. A persistência em continuar com a política de crescimento econômica com base na intromissão do estado no sistema econômico o levou ao endividamento e à falência, quando a taxas de juros internacionais elevaram-se com a crise americana de 1982.

Com a falência do estado, a pratica da política populista foi inviabilizada e o país procurou um ajustamento através da redução de salários e do consumo interno, adotando reformas econômicas voltadas para o mercado. Mas o peso do juro da dívida externa era grande e o país não teve condições de se ajustar adequadamente.

Segundo Bresser Pereira, a crise fiscal do estado brasileiro, como dos demais países latino- americanos, apresenta cinco ingredientes distintos: 1 – déficit público; 2 – poupança publica negativa; 3 – divida interna e externa excessiva; 4 – falta de credito do Estado expressa na falta de confiança da moeda nacional e 5) falta de credibilidade no governo.

Na análise de Bresser Pereira o déficit público e a poupança insuficiente são componentes do fluxo da crise fiscal, enquanto o tamanho da dívida pública interna ou externa é um componente do estoque. O país pode ter um déficit público elevado e uma dívida publica também elevada, sem que o estado perca seu credito e o governo perca sua credibilidade, como é o caso dos Estados Unidos e da Itália. A falta de credito público é causado pela crise fiscal. É a crise fiscal é causa da falta de confiança dos agentes econômicos, o estado perde a capacidade de sustentação da moeda, levando o país a hiperinflação.

O componente fundamental da crise fiscal não é o déficit público, mas a poupança negativa. Poupanças públicas negativas são as causas principais da baixa taxa de investimento e da estagnação da renda per capita.

Poupança Pública Sg é igual à receita corrente do estado (T) menos os gastos correntes (Cg), no qual se inclui gastos com pagamentos de juros.

Sg = T – Cg

O conceito de poupança pública é diferente de déficit público (Dg) que é igual a receita corrente do Estado menos todas as despesas inclusive investimentos (Ig), que corresponde ao crescimento da dívida pública:

Dg = T – Cg – Ig

Os investimentos públicos são financiados e pela poupança pública e déficits públicos.

Ig = Sg + Dg

Nessa análise Bresser Pereira destaca a poupança publica como elemento fundamental de analise econômica, em especial na análise de país com crise fiscal. Destaca que os investimentos públicos em setores que são especificamente da responsabilidade do estado e aqueles que o estado deve assumir para elevar a competitividade de sua economia, só podem ocorrer havendo poupança publica positiva, quando a poupança pública e nula, esses investimentos só ocorrem com déficit público.

Assim, um país que busque resolver sua crise fiscal, mas que apresente poupança pública nula perderá toda sua capacidade de investimento, mas se mesmo assim investir, só o fará com déficit público aumentando seu endividamento reduzindo a inda mais a disponibilidade de credito para financia-lo, elevando crescentemente os juros sobre os empréstimos, inviabilizando, por conseguinte, a capacidade de promoção de políticas de crescimento econômico. Assim, a falta de poupança pública paralisará o estado, determinando uma crise fiscal, levando a economia à estagnação.

Destaca Bresser Pereira que a origem da crise do Brasil e dos países latino-americanos não reside, como pensam o grupo do consenso de Washington, no política populista, mas na política desenvolvimentista dos anos 70 (período do regime militar) que, para financiar o crescimento econômico assumira uma enorme dívida externa, transformado-a em seguida em responsabilidade do Estado. Justificando sua assertiva Bresser Pereira destaca o crescimento colombiano nos anos 80, creditando-o ao baixo nível de sua divida externa.



CRISE FISCAL BRASILEIRA


Financiamento do Desenvolvimento

Tomando como parâmetro os anos 70, verifica-se que o crescimento econômico ocorrido nessa década deveu-se ao financiamento externo e estatal, como em geral corre nos primeiros estágios de qualquer processo de desenvolvimento econômico. Considerando o período de 1974 a l976 verifica-se que poupança externa correspondia a 32% do total da poupança do país e o financiamento estatal era responsável por 30% do total dos investimentos.

Chama-se atenção que esse financiamento estatal de 30% refere-se exclusivamente a financiamento direto, o que leva crer que tenha sido bem maior, pois não se estar considerando os subsídios que neste período era bastante significativo. Bresser Pereira afirmar que esse percentual é no mínimo o dobro, chegando a alcançar algo em torno de 7% do PIB.

Esse alto nível de investimento estatal deixou de ocorrer após 1979, quando as novas dúvidas externas eram usadas para costear o pagamento dos juros da dívida. As dificuldades para novos investimentos produtivos agravam-se com a redução da entrada de recursos externos que, a partir de 1983, passou a ser negativo.

Esta situação praticamente exauriu com a capacidade estatal de investimento durante os anos 80. Os investimentos públicos ocorridos após este ano deram-se por aumento do déficit público.

A deterioração da capacidade de investimento estatal ocorrida no período pode ser assim resumida: 1) diminuição da capacidade do estado realizar poupança forçada; 2) diminuição da carga tributária; 3) diminuição da taxa de lucro das empresas pela recessão econômica e pela política de controle de preço.

Anos 80

O Brasil entra nos anos 80, com uma dívida interna incluindo a dívida das empresas estatais, correspondente a 41,8% do PIB em 1985. Destaca-se, entretanto, que o setor privado estava capitalizado. Sua dívida caiu de 57,1% em 1981 para 46,3 em 1985 e ainda apresentava capacidade ociosa. Essa situação permitiria ao Estado elevar a carga tributária e transferir recursos do setor privado para o setor público. Isso, entretanto, não ocorreu, tendo o Estado optado pelo caminho da privatização.

Nos anos 80 foi caracterizada pelas elevadas taxas de inflação e pela quebra da trajetória de crescimento econômico elevado. Em 1988 e 1990 o crescimento do PIB foi negativo e nos anos anteriores foi muito pequeno. A renda per capita de 1988 era inferior a de 1980. Esse quadro recessivo é creditado ao esforço de ajustamento do país após a crise da dívida externa ( 1982).

A crise dos anos 80 não apenas é creditada à crise da dívida externa mais ao retorno do populismo econômico com a ascensão ao poder dos civis.

Da Crise Fiscal à Hiperinflação

Os países que sofreram processo hiper-inflacionário, de modo geral, houveram sofrido traumas de guerra, a exemplo da Alemanha. Mas o Brasil, não obstante não ter vivido nenhuma guerra, tão pouco ter assumido nenhuma responsabilidade internacional de reparação de guerra, assumira compromissos que se equivalem a uma reparação.

Com a crise da dívida, os choques do Petróleo e o fechamento do mercado financeiro internacional para novos empréstimos, somado o pagamento de amortizações de empréstimo e de juros representou uma transferência recursos internos para o exterior correspondente a algo entorno de 4 a 5% do PIB.

Essa situação inviabilizou a capacidade do país em investir em sua economia. A taxa de reinvestimento que era em 1970 em torno de 22% do PIB caia para 17% nos anos 80. A dívida interna alcançou 50% do PIP e o país passou a financiar seu déficit público no mercado de overnight. O estado brasileiro estava inviabilizado e agravado com a política populista que ascendera ao poder em 1985.

Considerando o perfil política da época é de se supor que o financiamento público foi realizado por processo inflacionário e, foi, de fato, o que ocorreu. O país entrou os anos noventa amargando uma hiper-inflação que alcançou 73% em fevereiro, 84% em março. Mas, a indexação da economia amortecia o efeito inflacionário que crescia por patamares cada vez mais elevados e que eram segurados durante algum tempo pelos pacotes econômicos e controles de preços, retornando em seguida mais forte ainda.

Em 1986 é lançado o Plano Cruzado, introduzindo uma nova moeda – o cruzado e estabelecendo o congelamento de preços e introduzindo um gatilho para os salários, que seria acionado toda vez que a inflação alcançasse 20%. O plano recebeu um grande apoio popular, especialmente por congelar os preços e, talvez, tenha sido essa medida o grande erro do plano que logrou êxito, reduzindo abruptamente a inflação, mas suas medidas fizeram expandir a demanda agregada pelo aumento real do salário que, em face do congelamento dos preços, não foi compensado com a elevação da oferta, desencadeando a escassez e a cobrança de ágio na compra de determinados bens.

O governo buscando desaquecer as demanda impôs algumas medidas como o aumento de juros para o credito ao consumo e o estabelecimento de empréstimos compulsório sobre o consumo de gasolina, compra de automóveis e viagens interacionais, por outro lado, buscando fortalecer a oferta, reduziu os juros para ao produtor. Essas medidas, entretanto não surtiram o efeito desejado e, 1987 rompeu-se o controle de preço, elevou-se a inflação e os salários passou ater reajuste quase que mensal. Encerra-se o Plano Cruzado deixando, entretanto os agentes econômicos mais desconfiados e toda vez que a inflação se elevava, temendo um novo congelamento, adotavam medidas preventivas que elevam ainda mais a inflação.

Surge assim a chamada inflação inercial e a realimentação automática da inflação. O governo com dificuldade de financiar seu déficit, oferece maiores compensações com a elevação das taxas de juros. Mas, mesmas com taxas de juros alta havia dificuldades na colocação dos títulos públicos, levando o governo a suspender, em 1989, o pagamentos dos juros externos.








Economia Brasileira
Causas das Crises Econômicas Brasileiras
Leitura de Bresser Pereira


Prof. José Rodrigues Amado

Os estudos até agora levados à discussão com os senhores, apenas relatam as diversas crises econômicas vivenciadas pelo Brasil após a década de sessenta. Convém agora estudarmos as causas dessas crises.

Na análise das causas vamos nos guiar por duas linhas de pensamento econômico que, além de buscar identificar as causas das crises, também propõem soluções. As linhas de análise das crises econômicas são a neoliberal e a baseada na crise do Estado, também chamada por se criador, Bresser Pereira, de estratégia da social democracia pragmática.

Identificam-se entre uma e outra linha alguma identidade. Ambas baseiam-se no que chamam de populismo nacionalista – crescimento ou fortalecimento do estado, mas discordam quanto á causa básica das crises e da forma como resolvê-las.

Os neoliberais entendem que a causas das crises tem origem exclusivamente interna e são originárias por problemas domésticos – crescimento exagerado do estado. Enquanto os que analisam através da ótica da crise do Estado entendem que além do crescimento equivocado do estado - causa de seu enfraquecimento, soma-se à crise da divida externa.

Nas propostas de solução, ambas concordam ser necessário reduzir o tamanho do estado através da privatização e liberar a economia (princípios neoclássicos). Mas os que defendem a abordagem neoclássica colocam com essencial o estado mínimo, ou seja, o estado sem nenhuma ação coordenadora sobre o mercado. Enquanto, os seguidores da abordagem da crise do estado desejam manter o estado como coordenador, porém, fortalecido através de uma reforma fiscal para que ele recupere a sua capacidade de ação.

Na analise interpretativa das crises econômicas vividas pelo Brasil na visão dos seguidores da abordagem da crise do estado, entendem que origem dos problemas econômicos atuais esta, exatamente, na permanência da política de substituição de importação quando este modelo de crescimento já estava esgotado. A persistência em continuar com a política de crescimento econômica com base na intromissão do estado no sistema econômico o levou ao endividamento e à falência, quando a taxas de juros internacionais elevaram-se com a crise americana de 1982.

Com a falência do estado, a pratica da política populista foi inviabilizada e o país procurou um ajustamento através da redução de salários e do consumo interno, adotando reformas econômicas voltadas para o mercado. Mas o peso do juro da dívida externa era grande e o país não teve condições de se ajustar adequadamente.

Segundo Bresser Pereira, a crise fiscal do estado brasileiro, como dos demais países latino- americanos, apresenta cinco ingredientes distintos: 1 – déficit público; 2 – poupança publica negativa; 3 – divida interna e externa excessiva; 4 – falta de credito do Estado expressa na falta de confiança da moeda nacional e 5) falta de credibilidade no governo.

Na análise de Bresser Pereira o déficit público e a poupança insuficiente são componentes do fluxo da crise fiscal, enquanto o tamanho da dívida pública interna ou externa é um componente do estoque. O país pode ter um déficit público elevado e uma dívida publica também elevada, sem que o estado perca seu credito e o governo perca sua credibilidade, como é o caso dos Estados Unidos e da Itália. A falta de credito público é causado pela crise fiscal. É a crise fiscal é causa da falta de confiança dos agentes econômicos, o estado perde a capacidade de sustentação da moeda, levando o país a hiperinflação.

O componente fundamental da crise fiscal não é o déficit público, mas a poupança negativa. Poupanças públicas negativas são as causas principais da baixa taxa de investimento e da estagnação da renda per capita.

Poupança Pública Sg é igual à receita corrente do estado (T) menos os gastos correntes (Cg), no qual se inclui gastos com pagamentos de juros.

Sg = T – Cg

O conceito de poupança pública é diferente de déficit público (Dg) que é igual a receita corrente do Estado menos todas as despesas inclusive investimentos (Ig), que corresponde ao crescimento da dívida pública:

Dg = T – Cg – Ig

Os investimentos públicos são financiados e pela poupança pública e déficits públicos.

Ig = Sg + Dg

Nessa análise Bresser Pereira destaca a poupança publica como elemento fundamental de analise econômica, em especial na análise de país com crise fiscal. Destaca que os investimentos públicos em setores que são especificamente da responsabilidade do estado e aqueles que o estado deve assumir para elevar a competitividade de sua economia, só podem ocorrer havendo poupança publica positiva, quando a poupança pública e nula, esses investimentos só ocorrem com déficit público.

Assim, um país que busque resolver sua crise fiscal, mas que apresente poupança pública nula perderá toda sua capacidade de investimento, mas se mesmo assim investir, só o fará com déficit público aumentando seu endividamento reduzindo a inda mais a disponibilidade de credito para financia-lo, elevando crescentemente os juros sobre os empréstimos, inviabilizando, por conseguinte, a capacidade de promoção de políticas de crescimento econômico. Assim, a falta de poupança pública paralisará o estado, determinando uma crise fiscal, levando a economia à estagnação.

Destaca Bresser Pereira que a origem da crise do Brasil e dos países latino-americanos não reside, como pensam o grupo do consenso de Washington, no política populista, mas na política desenvolvimentista dos anos 70 (período do regime militar) que, para financiar o crescimento econômico assumira uma enorme dívida externa, transformado-a em seguida em responsabilidade do Estado. Justificando sua assertiva Bresser Pereira destaca o crescimento colombiano nos anos 80, creditando-o ao baixo nível de sua divida externa.



CRISE FISCAL BRASILEIRA


Financiamento do Desenvolvimento

Tomando como parâmetro os anos 70, verifica-se que o crescimento econômico ocorrido nessa década deveu-se ao financiamento externo e estatal, como em geral corre nos primeiros estágios de qualquer processo de desenvolvimento econômico. Considerando o período de 1974 a l976 verifica-se que poupança externa correspondia a 32% do total da poupança do país e o financiamento estatal era responsável por 30% do total dos investimentos.

Chama-se atenção que esse financiamento estatal de 30% refere-se exclusivamente a financiamento direto, o que leva crer que tenha sido bem maior, pois não se estar considerando os subsídios que neste período era bastante significativo. Bresser Pereira afirmar que esse percentual é no mínimo o dobro, chegando a alcançar algo em torno de 7% do PIB.

Esse alto nível de investimento estatal deixou de ocorrer após 1979, quando as novas dúvidas externas eram usadas para costear o pagamento dos juros da dívida. As dificuldades para novos investimentos produtivos agravam-se com a redução da entrada de recursos externos que, a partir de 1983, passou a ser negativo.

Esta situação praticamente exauriu com a capacidade estatal de investimento durante os anos 80. Os investimentos públicos ocorridos após este ano deram-se por aumento do déficit público.

A deterioração da capacidade de investimento estatal ocorrida no período pode ser assim resumida: 1) diminuição da capacidade do estado realizar poupança forçada; 2) diminuição da carga tributária; 3) diminuição da taxa de lucro das empresas pela recessão econômica e pela política de controle de preço.

Anos 80

O Brasil entra nos anos 80, com uma dívida interna incluindo a dívida das empresas estatais, correspondente a 41,8% do PIB em 1985. Destaca-se, entretanto, que o setor privado estava capitalizado. Sua dívida caiu de 57,1% em 1981 para 46,3 em 1985 e ainda apresentava capacidade ociosa. Essa situação permitiria ao Estado elevar a carga tributária e transferir recursos do setor privado para o setor público. Isso, entretanto, não ocorreu, tendo o Estado optado pelo caminho da privatização.

Nos anos 80 foi caracterizada pelas elevadas taxas de inflação e pela quebra da trajetória de crescimento econômico elevado. Em 1988 e 1990 o crescimento do PIB foi negativo e nos anos anteriores foi muito pequeno. A renda per capita de 1988 era inferior a de 1980. Esse quadro recessivo é creditado ao esforço de ajustamento do país após a crise da dívida externa ( 1982).

A crise dos anos 80 não apenas é creditada à crise da dívida externa mais ao retorno do populismo econômico com a ascensão ao poder dos civis.

Da Crise Fiscal à Hiperinflação

Os países que sofreram processo hiper-inflacionário, de modo geral, houveram sofrido traumas de guerra, a exemplo da Alemanha. Mas o Brasil, não obstante não ter vivido nenhuma guerra, tão pouco ter assumido nenhuma responsabilidade internacional de reparação de guerra, assumira compromissos que se equivalem a uma reparação.

Com a crise da dívida, os choques do Petróleo e o fechamento do mercado financeiro internacional para novos empréstimos, somado o pagamento de amortizações de empréstimo e de juros representou uma transferência recursos internos para o exterior correspondente a algo entorno de 4 a 5% do PIB.

Essa situação inviabilizou a capacidade do país em investir em sua economia. A taxa de reinvestimento que era em 1970 em torno de 22% do PIB caia para 17% nos anos 80. A dívida interna alcançou 50% do PIP e o país passou a financiar seu déficit público no mercado de overnight. O estado brasileiro estava inviabilizado e agravado com a política populista que ascendera ao poder em 1985.

Considerando o perfil política da época é de se supor que o financiamento público foi realizado por processo inflacionário e, foi, de fato, o que ocorreu. O país entrou os anos noventa amargando uma hiper-inflação que alcançou 73% em fevereiro, 84% em março. Mas, a indexação da economia amortecia o efeito inflacionário que crescia por patamares cada vez mais elevados e que eram segurados durante algum tempo pelos pacotes econômicos e controles de preços, retornando em seguida mais forte ainda.

Em 1986 é lançado o Plano Cruzado, introduzindo uma nova moeda – o cruzado e estabelecendo o congelamento de preços e introduzindo um gatilho para os salários, que seria acionado toda vez que a inflação alcançasse 20%. O plano recebeu um grande apoio popular, especialmente por congelar os preços e, talvez, tenha sido essa medida o grande erro do plano que logrou êxito, reduzindo abruptamente a inflação, mas suas medidas fizeram expandir a demanda agregada pelo aumento real do salário que, em face do congelamento dos preços, não foi compensado com a elevação da oferta, desencadeando a escassez e a cobrança de ágio na compra de determinados bens.

O governo buscando desaquecer as demanda impôs algumas medidas como o aumento de juros para o credito ao consumo e o estabelecimento de empréstimos compulsório sobre o consumo de gasolina, compra de automóveis e viagens interacionais, por outro lado, buscando fortalecer a oferta, reduziu os juros para ao produtor. Essas medidas, entretanto não surtiram o efeito desejado e, 1987 rompeu-se o controle de preço, elevou-se a inflação e os salários passou ater reajuste quase que mensal. Encerra-se o Plano Cruzado deixando, entretanto os agentes econômicos mais desconfiados e toda vez que a inflação se elevava, temendo um novo congelamento, adotavam medidas preventivas que elevam ainda mais a inflação.

Surge assim a chamada inflação inercial e a realimentação automática da inflação. O governo com dificuldade de financiar seu déficit, oferece maiores compensações com a elevação das taxas de juros. Mas, mesmas com taxas de juros alta havia dificuldades na colocação dos títulos públicos, levando o governo a suspender, em 1989, o pagamentos dos juros externos.






Economia Brasileira
Causas das Crises Econômicas Brasileiras
Leitura de Bresser Pereira


Prof. José Rodrigues Amado

Os estudos até agora levados à discussão com os senhores, apenas relatam as diversas crises econômicas vivenciadas pelo Brasil após a década de sessenta. Convém agora estudarmos as causas dessas crises.

Na análise das causas vamos nos guiar por duas linhas de pensamento econômico que, além de buscar identificar as causas das crises, também propõem soluções. As linhas de análise das crises econômicas são a neoliberal e a baseada na crise do Estado, também chamada por se criador, Bresser Pereira, de estratégia da social democracia pragmática.

Identificam-se entre uma e outra linha alguma identidade. Ambas baseiam-se no que chamam de populismo nacionalista – crescimento ou fortalecimento do estado, mas discordam quanto á causa básica das crises e da forma como resolvê-las.

Os neoliberais entendem que a causas das crises tem origem exclusivamente interna e são originárias por problemas domésticos – crescimento exagerado do estado. Enquanto os que analisam através da ótica da crise do Estado entendem que além do crescimento equivocado do estado - causa de seu enfraquecimento, soma-se à crise da divida externa.

Nas propostas de solução, ambas concordam ser necessário reduzir o tamanho do estado através da privatização e liberar a economia (princípios neoclássicos). Mas os que defendem a abordagem neoclássica colocam com essencial o estado mínimo, ou seja, o estado sem nenhuma ação coordenadora sobre o mercado. Enquanto, os seguidores da abordagem da crise do estado desejam manter o estado como coordenador, porém, fortalecido através de uma reforma fiscal para que ele recupere a sua capacidade de ação.

Na analise interpretativa das crises econômicas vividas pelo Brasil na visão dos seguidores da abordagem da crise do estado, entendem que origem dos problemas econômicos atuais esta, exatamente, na permanência da política de substituição de importação quando este modelo de crescimento já estava esgotado. A persistência em continuar com a política de crescimento econômica com base na intromissão do estado no sistema econômico o levou ao endividamento e à falência, quando a taxas de juros internacionais elevaram-se com a crise americana de 1982.

Com a falência do estado, a pratica da política populista foi inviabilizada e o país procurou um ajustamento através da redução de salários e do consumo interno, adotando reformas econômicas voltadas para o mercado. Mas o peso do juro da dívida externa era grande e o país não teve condições de se ajustar adequadamente.

Segundo Bresser Pereira, a crise fiscal do estado brasileiro, como dos demais países latino- americanos, apresenta cinco ingredientes distintos: 1 – déficit público; 2 – poupança publica negativa; 3 – divida interna e externa excessiva; 4 – falta de credito do Estado expressa na falta de confiança da moeda nacional e 5) falta de credibilidade no governo.

Na análise de Bresser Pereira o déficit público e a poupança insuficiente são componentes do fluxo da crise fiscal, enquanto o tamanho da dívida pública interna ou externa é um componente do estoque. O país pode ter um déficit público elevado e uma dívida publica também elevada, sem que o estado perca seu credito e o governo perca sua credibilidade, como é o caso dos Estados Unidos e da Itália. A falta de credito público é causado pela crise fiscal. É a crise fiscal é causa da falta de confiança dos agentes econômicos, o estado perde a capacidade de sustentação da moeda, levando o país a hiperinflação.

O componente fundamental da crise fiscal não é o déficit público, mas a poupança negativa. Poupanças públicas negativas são as causas principais da baixa taxa de investimento e da estagnação da renda per capita.

Poupança Pública Sg é igual à receita corrente do estado (T) menos os gastos correntes (Cg), no qual se inclui gastos com pagamentos de juros.

Sg = T – Cg

O conceito de poupança pública é diferente de déficit público (Dg) que é igual a receita corrente do Estado menos todas as despesas inclusive investimentos (Ig), que corresponde ao crescimento da dívida pública:

Dg = T – Cg – Ig

Os investimentos públicos são financiados e pela poupança pública e déficits públicos.

Ig = Sg + Dg

Nessa análise Bresser Pereira destaca a poupança publica como elemento fundamental de analise econômica, em especial na análise de país com crise fiscal. Destaca que os investimentos públicos em setores que são especificamente da responsabilidade do estado e aqueles que o estado deve assumir para elevar a competitividade de sua economia, só podem ocorrer havendo poupança publica positiva, quando a poupança pública e nula, esses investimentos só ocorrem com déficit público.

Assim, um país que busque resolver sua crise fiscal, mas que apresente poupança pública nula perderá toda sua capacidade de investimento, mas se mesmo assim investir, só o fará com déficit público aumentando seu endividamento reduzindo a inda mais a disponibilidade de credito para financia-lo, elevando crescentemente os juros sobre os empréstimos, inviabilizando, por conseguinte, a capacidade de promoção de políticas de crescimento econômico. Assim, a falta de poupança pública paralisará o estado, determinando uma crise fiscal, levando a economia à estagnação.

Destaca Bresser Pereira que a origem da crise do Brasil e dos países latino-americanos não reside, como pensam o grupo do consenso de Washington, no política populista, mas na política desenvolvimentista dos anos 70 (período do regime militar) que, para financiar o crescimento econômico assumira uma enorme dívida externa, transformado-a em seguida em responsabilidade do Estado. Justificando sua assertiva Bresser Pereira destaca o crescimento colombiano nos anos 80, creditando-o ao baixo nível de sua divida externa.



CRISE FISCAL BRASILEIRA


Financiamento do Desenvolvimento

Tomando como parâmetro os anos 70, verifica-se que o crescimento econômico ocorrido nessa década deveu-se ao financiamento externo e estatal, como em geral corre nos primeiros estágios de qualquer processo de desenvolvimento econômico. Considerando o período de 1974 a l976 verifica-se que poupança externa correspondia a 32% do total da poupança do país e o financiamento estatal era responsável por 30% do total dos investimentos.

Chama-se atenção que esse financiamento estatal de 30% refere-se exclusivamente a financiamento direto, o que leva crer que tenha sido bem maior, pois não se estar considerando os subsídios que neste período era bastante significativo. Bresser Pereira afirmar que esse percentual é no mínimo o dobro, chegando a alcançar algo em torno de 7% do PIB.

Esse alto nível de investimento estatal deixou de ocorrer após 1979, quando as novas dúvidas externas eram usadas para costear o pagamento dos juros da dívida. As dificuldades para novos investimentos produtivos agravam-se com a redução da entrada de recursos externos que, a partir de 1983, passou a ser negativo.

Esta situação praticamente exauriu com a capacidade estatal de investimento durante os anos 80. Os investimentos públicos ocorridos após este ano deram-se por aumento do déficit público.

A deterioração da capacidade de investimento estatal ocorrida no período pode ser assim resumida: 1) diminuição da capacidade do estado realizar poupança forçada; 2) diminuição da carga tributária; 3) diminuição da taxa de lucro das empresas pela recessão econômica e pela política de controle de preço.

Anos 80

O Brasil entra nos anos 80, com uma dívida interna incluindo a dívida das empresas estatais, correspondente a 41,8% do PIB em 1985. Destaca-se, entretanto, que o setor privado estava capitalizado. Sua dívida caiu de 57,1% em 1981 para 46,3 em 1985 e ainda apresentava capacidade ociosa. Essa situação permitiria ao Estado elevar a carga tributária e transferir recursos do setor privado para o setor público. Isso, entretanto, não ocorreu, tendo o Estado optado pelo caminho da privatização.

Nos anos 80 foi caracterizada pelas elevadas taxas de inflação e pela quebra da trajetória de crescimento econômico elevado. Em 1988 e 1990 o crescimento do PIB foi negativo e nos anos anteriores foi muito pequeno. A renda per capita de 1988 era inferior a de 1980. Esse quadro recessivo é creditado ao esforço de ajustamento do país após a crise da dívida externa ( 1982).

A crise dos anos 80 não apenas é creditada à crise da dívida externa mais ao retorno do populismo econômico com a ascensão ao poder dos civis.

Da Crise Fiscal à Hiperinflação

Os países que sofreram processo hiper-inflacionário, de modo geral, houveram sofrido traumas de guerra, a exemplo da Alemanha. Mas o Brasil, não obstante não ter vivido nenhuma guerra, tão pouco ter assumido nenhuma responsabilidade internacional de reparação de guerra, assumira compromissos que se equivalem a uma reparação.

Com a crise da dívida, os choques do Petróleo e o fechamento do mercado financeiro internacional para novos empréstimos, somado o pagamento de amortizações de empréstimo e de juros representou uma transferência recursos internos para o exterior correspondente a algo entorno de 4 a 5% do PIB.

Essa situação inviabilizou a capacidade do país em investir em sua economia. A taxa de reinvestimento que era em 1970 em torno de 22% do PIB caia para 17% nos anos 80. A dívida interna alcançou 50% do PIP e o país passou a financiar seu déficit público no mercado de overnight. O estado brasileiro estava inviabilizado e agravado com a política populista que ascendera ao poder em 1985.

Considerando o perfil política da época é de se supor que o financiamento público foi realizado por processo inflacionário e, foi, de fato, o que ocorreu. O país entrou os anos noventa amargando uma hiper-inflação que alcançou 73% em fevereiro, 84% em março. Mas, a indexação da economia amortecia o efeito inflacionário que crescia por patamares cada vez mais elevados e que eram segurados durante algum tempo pelos pacotes econômicos e controles de preços, retornando em seguida mais forte ainda.

Em 1986 é lançado o Plano Cruzado, introduzindo uma nova moeda – o cruzado e estabelecendo o congelamento de preços e introduzindo um gatilho para os salários, que seria acionado toda vez que a inflação alcançasse 20%. O plano recebeu um grande apoio popular, especialmente por congelar os preços e, talvez, tenha sido essa medida o grande erro do plano que logrou êxito, reduzindo abruptamente a inflação, mas suas medidas fizeram expandir a demanda agregada pelo aumento real do salário que, em face do congelamento dos preços, não foi compensado com a elevação da oferta, desencadeando a escassez e a cobrança de ágio na compra de determinados bens.

O governo buscando desaquecer as demanda impôs algumas medidas como o aumento de juros para o credito ao consumo e o estabelecimento de empréstimos compulsório sobre o consumo de gasolina, compra de automóveis e viagens interacionais, por outro lado, buscando fortalecer a oferta, reduziu os juros para ao produtor. Essas medidas, entretanto não surtiram o efeito desejado e, 1987 rompeu-se o controle de preço, elevou-se a inflação e os salários passou ater reajuste quase que mensal. Encerra-se o Plano Cruzado deixando, entretanto os agentes econômicos mais desconfiados e toda vez que a inflação se elevava, temendo um novo congelamento, adotavam medidas preventivas que elevam ainda mais a inflação.

Surge assim a chamada inflação inercial e a realimentação automática da inflação. O governo com dificuldade de financiar seu déficit, oferece maiores compensações com a elevação das taxas de juros. Mas, mesmas com taxas de juros alta havia dificuldades na colocação dos títulos públicos, levando o governo a suspender, em 1989, o pagamentos dos juros externos.




























































Aula Introdutória de Economia Política


Aula Introdutória ao Estudo da Economia Política
Prof: José Amado

Antes de tudo, uma advertência. No estudo de qualquer ciência social, a análise histórica impõe-se como uma condição essencial. Alerta-se, outrossim, que nas ciências sociais, muito mais que nas ciências naturais, sempre há que se considerar, não ser ela isenta de juizo de valor, ou seja, há sempre interesses incrustados em suas assertivas: o interesse da classe dominante.

A Economia Política ocupa-se de uma parte da realidade social, especificamente daquela que diz respeito as relações sociais voltadas ao atendimento das necessidades materiais do homem. Ela busca entender a razão do homem, em sua evolução histórica, haver criado instituições como: propriedade privada, dinheiro, mercado, salário, lucro etc, tão presentes na vida social, como algo permanente, natural e invariável na sua conformação.

Nascia a Economia Política na segunda metade do século XVII, expressando o ideário da burguesia “no período que esta classe estava na vanguarda das lutas sociais” e a nova ciência dava a sustentação ideológica de que necessitava o movimento revolucionário para sobrepor a ordem feudal, garantido seu avanço e sua consolidação como a nova classe dominante. Havia, por assim dizer, uma relação de cooperação entre a burguesia e a cultura ilustrada, fundamentada numa proposta de libertação humana focada nos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. A revolução burguesa, de fato, liberta o homem da dependência senhorial, relação prevalecente no regime anterior. Agora todos são iguais perante a lei. Evidencia-se uma libertação política, que não garante a libertação econômica-social.

Impõe que se destaque que a crise do feudalismo remonta a meados do século XIII, pressionado pela baixa produtividade da terra, surgimento das cidades e de uma insipiente atividade mercantil, começa a alterar a relação de produção feudal. A relação entre os servos e senhores que antes desenvolvidas sem a intermediação monetária, já agora, em muitos casos, exigia que os pagamentos fossem feitos em dinheiro. As cidades passam a apresentar uma demanda crescente por bens e serviços, que a estrutura de produção feudal era incapaz de atender. Toda essa pressão sobre o regime feudal forçou a classe senhorial a se organizar buscando a criação de um Estado mais forte. Surge o Estado absolutista legitima representante do senhoril. O poder político não era mais repartido entre a nobreza, concentrava-se na mão de um rei.

A manutenção do Estado absolutista e a opulência da nobreza impunham um custo que precisava ser financiado e esse recursos foram buscado justamente na classe à qual ele deveria reprimir: os emergentes comerciantes, mercadores, banqueiros; a nova burguesia, que passa a ter um significativa influência junto a classe dominante. Ressalva-se: influência econômica, porque o poder político continua na mão da nobreza. Quando unida a força econômica da nova burguesia e a insatisfação da classe camponesa e com a participação aglutinadora de intelectuais, a chamada cultura ilustrada, se instala uma nova ordem política e econômica.

Estamos no segunda metade do século XVII, quando já se consolidava a revolução burguesa e a nova ciência; a Economia Política dar a nova ordem econômica a sustentação ideológica necessária para sobrepor definitivamente a ordem feudal, garantindo consolidação e estabelecendo a burguesia como classe dominante que, no poder, revela seu lado conservador, promovendo uma ruptura com o ideário revolucionário e com o pensamento ilustrado que lhe dera sustentação. As classes populares que apoiara a burguesia na articulação revolucionária e na derrocada do antigo regime, é agora objeto de dominação e, anova ordem, é adequada aos interesses burgueses. Cria-se assim, as condições de revanchismo, agora não mais contra a nobreza, mas contra a classe trabalhadora e novo segmento proletário, que cumina com a revolução de 1848-revolução proletária.

A Economia Política que fundamenta a sua teoria no valor trabalho e que com esse fundamento combatera, com o apoio da burguesia, o regime feudal e o parasitismo da nobreza e que tem sua analise economia-social “a partir da produção dos bens materiais e não na sua distribuição”, não mais atendia ao pensamento conservador burguês e passa a ser combatida como sendo uma proposta de análise social extra-cientifica e uma nova Economia, esta, sem a adjetivação de politica vem a substituí-la.
Esta nova Economia se desenvolve como uma ciência independente, sem a preocupação com o processo histórico e com o método de pesquisa social. A nova Economia ajusta-se aos interesses da ordem social burguesa, exacerba-se no uso de modelos matemáticos e despreocupa-se em oferecer os instrumentos para necessária compreensão da vida social, postura oposta ao da Economia Política Clássica. Karl Marx chamava os defensores dessa nova Economia de economistas vulgares. Destaca-se como defensores dessa nova Economia Williom S. Jevons (1835-1882), Carl Mengen (1840-1921), Léon Walras (1834-1910), como observa-se, intelectuais respeitados.

A nova ciência desenvolve-se abandonando o princípio do valor trabalho e assume o princípio do valor utilidade marginal, que já tivemos a oportunidade de tratarmos em sala de aula. A partir de uma postura critica a essa Economia, destaca-se que ela defende como necessário a ordem social os princípios da propriedade privada, do salário, do lucro, do capital. A economia que sera objeto de nosso estudo é a Economia Política que se lastreia na princípio do valor trabalho e que desenvolve sua análise a partir de uma perspectiva história da formação social.

Chama-se atenção, que as discussões que se seguirão ao longo do curso, fundamenta-se na critica marxista ao modelo capitalista de produção que, convém que se destaque, não é uma unanimidade, muito pelo contrário, é uma linha de pensamento e de análise que tem sido objeto de grandes discussões e profundas discordâncias, mas que pode oferecer ao estudante um instrumental importante para a análise social.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Apostila: Elaboração de Projetos Públicos



GESTÃO PÚBLICA
PROF: JOSÉ RODRIGUES AMADO


Projetos de Bens ou Serviços Públicos

    • O beneficiário do projeto público é uma comunidade;

    • O projeto expressa uma ação de políticas públicas;

    • Em geral o projeto está no contexto de um plano e programa;


Roteiro Básico de um Projeto

Apresentação

  1. Identificação

  1. Justificativa

  1. Objetivos Gerais

  1. Objetivos Específicos

  1. Resultados

  1. Atividades

  1. Insumos/Recursos

  1. Orçamento

  1. Cronograma

  1. Órgão Executor

  1. Riscos

  1. Esquema de Monitoramento da Execução


Identificação:

Na identificação especifica-se a ação objeto da intervenção. O nível de detalhamento dessa especificação deve corresponder à complexidade e dimensão do projeto. As informações devem indicar:


  1. A área de atuação do projeto;

  1. Sua localização geográfica;

  1. Os níveis administrativos envolvidos;

4. A instituição responsável;

  1. Os grupos de população envolvidos

  1. Outras informações que possam melhor identificar a área de atuação do projeto.
Justificativa

Na justificativa deve-se apresentar as razões pelas quais se julga necessário executar o projeto. A justificativa deve ser explicitada de forma clara e precisa. Informações a serem prestadas na justificativa:

  1. O problema (ou problemas) a ser tratado ou resolvido, indicado a situação existente e a que será alcançado com a realização do projeto;

  1. A metodologia adotada, descrita de forma sumária, e o porque adotou a metodologia;

  1. As mudanças que se espera com a execução do projeto e de como os resultados alcançados serão utilizados e quais os beneficiários;

  1. Informar se o projeto pode ser desenvolvido pelo órgão responsável pala área a que ele se refere ou se será necessário à contratação de assistência técnica e operacional;

  1. Quando for o caso, fazer referência à participação de outras entidades, inclusive a própria população beneficiária e de que forma serão envolvidas;

  1. A integração do projeto com outras atividades do órgão, definido claramente sua relação com outros projetos previstos ou em execução;


Objetivos Gerais

Os projetos gerais estão no contexto de um programa ou de um plano, assim sendo, os objetivos gerais do projeto guardam uma estreita relação, evidentemente, na escala do projeto, com o programa que lhe dá cobertura. Dificilmente um projeto, de forma isolada, pode assegurar que se atinja um objetivo de um plano ou programa, por exemplo, as metas de uma Política de Meio Ambiente do País.

Os projetos são elaborados para solução de problemas identificados no contexto do plano ou programa. Um programa de modo geral envolve vários projetos.


Objetivos Específicos


Os objetivos específicos são aqueles que devem ser alcançados por maio do projeto. Enquanto os objetivos gerais são de nível superior e, portanto, definido de forma genérica, os objetivos específicos devem ser definidos de forma muito clara. Devem relacionar os resultados a serem alcançados e os impactos esperados com a execução do projeto por de indicadores que possam ser quantificados e/ou qualificados, definindo metas parciais e finais para o projeto
A determinação dos demais elementos do projeto, está diretamente ligada à compreensão dos objetivos específicos. As dificuldades de organização e deficiências na execução do projeto se devem a uma definição equivocada ou a insuficiência dos objetivos específicos.

Os objetivos específicos devem ser realistas, considerando o tempo, os recursos financeiros e humanos disponíveis, tantos para aqueles aportados para o projeto em si, como para sua operação e manutenção.

O projeto deve ter um número limitado de objetivos específicos. Quanto tem muitos é conveniente organiza-los em mais de um projeto, para evitar dificuldades na execução. Para cada objetivo específico deve ser definidos os resultados e os impactos esperados e especificados os indicadores que demonstre que foram alcançados, bem como os recursos exigidos. Os objetivos específicos podem ser alcançados em várias etapas de execução, mas os impactos desejados geralmente só são alcançados ao final do projeto.

Cada objetivo dede ser apoiado, no mínimo, por um resultado. Caso não lhe corresponda nenhum; é necessário reformular o projeto, pois provavelmente não se trate de um objetivo, mas de um resultado ou mesmo de uma ação.

Resultados

Os resultados são elementos que, ao integrar-se, levam à obtenção de um ou mais objetivos específicos. São elementos tangíveis que o projeto deve produzir para alcançar os objetivos propostos. São originários dos objetivos específicos, pois são os efeitos das ações que devem ser realizadas para alcançar esses objetivos.

Os resultados devem ser descritos de forma clara e verificável. Deve existir pelo menos um, sendo provável que haja mais de um resultado para cada objetivo específico. Pode acontecer que um resultado contribua para mais de um objetivo específico e, neste caso, deve-se destacar os objetivos específicos que receberam sua contribuição.

É comum se fazer confusão entre os resultados de realização com o resultado e impacto do projeto. Nesse nosso roteiro, o resultados de realização, correspondem ao comprimento das tarefas, servindo apara o acompanhamento físico-financeiro (ex. compra de equipamentos, realizações de cursos, etc.).

Atividades

As atividades do projeto originam-se diretamente dos resultados a serem obtidos e constituem-se em uma ou mais tarefas concretas que serão obtenção do mesmo. Se uma atividade não está orientada para a obtenção de resultado do projeto não deve ser incluída no mesmo.

Cada resultado corresponderá pelo menos a uma atividade. Devem ser enumeradas todas as atividades necessárias para produzir um resultado. Geralmente, necessita-se de várias atividades para obtenção de um resultado e algumas podem contribuir para mais de um resultado, o que deve ser indicado, quando ocorrer.
Deve-se indicar a duração prevista de cada atividade e seu início dentro do período do projeto, se depender de outras ações para ser executada e quem é responsável por sua execução.

Insumos

Os insumos são os meios necessários para a realização do projeto, pode ser equipamentos, material de consumo, pessoal, diárias, passagens, bolsas etc. São determinados após a definição dos objetivos gerais e específicos, resultados e atividades, já que podem ser facilmente identificados com os elementos necessários para que se cumprirem às tarefas de cada atividade.

Em um projeto devem ser indicados todos os insumos necessários à execução das atividades e a obtenção dos resultados esperados. Uma vez identificados todos os insumos necessários, devem ser destacados os que podem ser assegurados pelo órgão executor do projeto diretamente e os que devem ser adicionados pelo projeto.




A definição de insumos não deve ficar em uma simples quantificação, mas deve conter uma descrição mínima que permita conhecer o tipo e a qualidade. Essa deve ser suficiente para assegurar que o insumo proposto seja adequado ao projeto.

Orçamento

Com a definição dos insumos, é possível especificar os custos do Projeto de acordo com os principais itens do orçamento, divididos em investimentos (equipamentos, obras, serviços de consultoria) e despesas correntes (passagens, diárias, serviços de terceiros pessoa física e/ou jurídicas), de forma a demonstrar como serão utilizados os recursos.

Quando o projeto utiliza recursos de mais de uma fonte, deve-se especificar com que valor cada fonte contribui.

Vale destacar, que há projetos que apresentam atividades permanentes de manutenção e operação, implicado em custos permanentes que deverão incidir pela instituição que receberá o projeto após concluído.

Cronograma

Definido as atividades do projeto, suas inter-relações com outras ações e seu encadeamento lógico, deve ser apresentado um cronograma geral para todo período de execução, devendo constar o desenvolvimento físico e os gastos financeiros correspondentes.

Deve ser apresentado no cronograma o tempo real de execução das ações. Deve-se ter cuidado para não subestimar esse tempo, pois é comum acontecer, especialmente, por se desconhecer os prazos legais de algumas ações, como por exemplo, licitações, recursos, tramitação de convênios, liberações de recursos etc.


Monitoramento e Avaliação

O monitoramento se impõe como uma etapa fundamental à execução do projeto. Na execução do projeto é comum surgir situações imprevistas e o acompanhamento, o monitoramento, como um elemento do sistema de informação, deve alertar a gerência do projeto sobre a ocorrência e sugerir a melhor forma de contornar a dificuldade, servindo com um instrumento de ligação entre a gerencia e a execução.

O monitoramento deve compor o sistema de informações-decisões, onde o fundamental e a obtenção e transmissão de informações relevantes à tomada de decisões, contribuindo para realizar ajustes que conduzam ao atingimento dos objetivos e das metas.

Não se deve confundir monitoramento com avaliação, os dois são relacionados, mas distintos. As informações de monitoramento não são suficientes para que se realize uma avaliação.

O monitoramento deve centra-se em determinar se os insumos estão sendo distribuídos, se estão sendo realizado as atividades e obtidos os produtos previstos, enquanto a avaliação centra sua atenção na estimativa dos efeitos diretos e indiretos, além da estimativa de impactos.

Na prática, as metodologias e informações de monitoramento e avaliação se superpõem, ficando difícil estabelecer onde se inicia ou termina o monitoramento ou a avaliação. As principais diferenças são colocadas a seguir:

Monitoramento:
        1. Realiza-se junto com a execução;
        2. Centra sua atenção em insumos, atividades e produtos;
        3. Enfatiza o cumprimento do cronograma de trabalho e a obtenção de alguns efeitos;
        4. Analisa as condicionantes externas que afetam a execução;
        5. É um processo regular e continuo;
        6. Acompanha a execução a fim que as atividades se realizem conforme o planejado.
Avaliação:

  1. Realiza-se antes, durante e após a execução;
  2. Centra sua atenção na estimativa de efeitos e impactos;
  3. Considera a relevância dos objetivos, a eficácia na obtenção dos objetivos e a eficiência no uso dos recursos;
  4. Considera a sustentabilidade de produtos e efeitos e a pertinência da organização;
  5. É um processo esporádico;
  6. Emite um juízo de valor sobre o mérito de um projeto.

Estrutura de Um Sistema de Monitoramento

O que caracteriza um sistema de monitoramento e sua retroalimentação ou o retorno da informação (feedbak). As entradas são as informações provenientes da execução que após serem analisadas transformam-se em relatórios de monitoramento (saída) que vem a ser o produto e que se constitui no subsídio básico e entrada para os órgãos decisórios. Esses órgãos processam as


informações dos relatórios e se necessários, realizam a ações corretivas, ajustes ou reformulações, retornando à origem.

Dificuldades ou restrições ao processo de monitoramento:
  1. problema de acesso às informações;
  2. dificuldade de relacionamento entre o pessoal do monitoramento e os técnicos e/ou dirigentes responsáveis pela execução;
  3. ausência de respaldo político para realizar monitoramento;
  4. prazo curto para que o pessoal do monitoramento realize a tomada de informações e o seu processamento e a elaboração do relatório;
  5. entropia da informação, ou seja, no processo de coleta de informações existe a possibilidade de que ela chegue incompletas, distorcidas ou com perturbações.

Ciclo de Monitoramento:

O ciclo do monitoramento indica os passos básicos desse processo, que são:

  1. O estabelecimento dos indicadores;
  2. A medição do desempenho, o que significa a coleta de informações em relação aos resultados das atividades realizadas durante determinado período;
  3. A comparação do desempenho atual com os padrões;
  4. A ação corretiva no caso de desvios.

O estabelecimento dos indicadores e a determinação das metas e padrões são os elementos fundamentais para comparar o planejando com realizado. Os padrões são as normas ou critérios estabelecidos previamente com os quais os resultados devem ser medidos por comparação. Normalmente os padrões são as próprias metas do projeto. Ex: um programa de moradias populares, a meta é a entrega, a uma determinada população com determinada renda média mensal, 2.000 casa anuais a um custo de R$50.000,00 cada uma (70 m2 de área construída), durante os próximos 5 anos, a fim de cobrir o déficit existente de quase 10.000 moradias. Neste caso, um dos indicadores é o No. de moradias construídas e o resultado obtido anualmente é comparado com o padrão, que responde à meta de 2.000 casas por ano. Daí que na definição dos objetivos de um projeto é fundamental que seja quantificado e determinada as metas.

Indicadores de Monitoramento: Definições e Características:

Os indicadores são variáveis que ajudam a medir as mudanças, progresso ou resultado de uma atividade em relação aos objetivos e metas definidos em um determinado período de tempo. Os indicadores podem ser expressos em percentuais, índices e também por conceitos. Ex: supondo que um projeto tenha por objetivo que 300 crianças maiores de 5 anos tenha bolsa escolar durante 10 anos e que em média as que devem ter assistência às aulas de no mínimo de 80% anual . Passado o primeiro trimestre, o município informou que 120 crianças tinham bolsas e um contrato de normas e deveres com as famílias. O indicador será número com Bolsa Escolar.
Conhecido o número, o percentual com relação à meta será de 40% (120/300 x100). Significando, que nos primeiros seis meses, o projeto atingiu 40% da meta estabelecida.

Os indicadores também podem ser qualitativos. Ex: desejando-se saber de uma associação está funcionando adequadamente. Neste caso, estuda-se o estatuto, verifica-se no capítulo das obrigações e compara-se com o que estar sendo praticado, item por item.

Um bom indicador de cumprir pelo menos os quatro requisitos abaixo:

          1. o indicador deve ser valido, ou seja, possa medir o que se supõe deva ser medido;
          2. o indicador deve ser confiável, ou seja, se a medição for feita por outra pessoa, à conclusão deve ser a mesma;
          3. o indicador deve ser pertinente, ou seja, deve guardar relação com os objetivos que pretende medir;
          4. o indicador deve ser eficaz em relação ao custo, ou seja, deve existir um equilíbrio entre o benefício da informação e o custo de obtê-la.

Os indicadores podem ser classificados como de insumos, de atividades, de produtos, de efeito e de impactos. São indicadores de insumos: recursos humanos contratados, equipamentos adquiridos, recursos financeiros gastos e outros; Indicadores de atividades: cursos realizados, estudos elaborados, transferências de tecnologia, folhetos elaborados e distribuídos, etc; Indicadores de Produtos: escolas construídas, pessoais treinados; crianças vacinadas, etc. Os indicadores de efeitos e Impactos, permitem medir a qualidade e quantidade dos resultados alcançados por um produto em uso.

Tipos de Indicadores:
Os indicadores são tipificados em: de Cobertura, de Utilização, de eficácia, de eficiência e de efetividade.

Indicador de Cobertura (C):

De modo geral os projetos tem por objetivo prestar serviço a um determinado grupo social (grupo alvo). O grupo alvo é o que recebe o benefício direto do projeto, mas ele está contido em num grupo maior que chamaremos de população alvo, que também necessita do benefício do projeto e que se pretende atender numa oportunidade futura. O indicador de Cobertura relaciona a população atendida com aquela que se pretende atender. Ex: capacitação de professore. Os professores de uma determinada são num total de 600, mas o projeto capacitou 400, logo o índice de cobertura será: 400/600 x 100 = 67%.

Índice de Utilização (U)

Mede o uso efetivo dos recursos disponíveis. Corresponde à relação existente entre os recursos efetivamente utilizados e os recursos disponíveis para uma atividade, numa determinada unidade de tempo. Ex: Em um hospital, os leitos disponíveis são 120, mas o, efetivamente, utilizados em um mês foram 90 leitos, logo o índice de utilização é de 75%.

Índice de Eficácia (E)

Pode ser entendido com o grau alcançado pelas metas de um projeto junto à população alvo (beneficiária) em determinado período de tempo, independentemente dos custos incorridos.

Fórmula para determinação da eficácia:

E = (MR/TR) ÷ (MP/TP)

Onde: E = eficácia
MR = Meta Realizada
MP = Meta Planejada
TR = Tempo de Realização
TP = Tempo Planejado
Possíveis resultados:
E > 1 projeto muito eficaz
E = 1 projeto eficaz
E< 1 projeto ineficaz

Ex: Em um programa de moradias populares foi planejado se construir 200 casas em seis meses, mas se construiu 180 em cinco meses. Logo:

(180/5) ÷ ( 200/6) = 1,06 → Trata-se de um projeto eficaz ( alcançou mais que o planejado)

Eficiência (Ef)
Trata-se de um conceito que se define a partir da análise de duas perspectivas que são complementares. Ex: a) se a quantidade de produto esta definida no projeto e trata-se de minimizar os custos ou os meios necessários para alcançar; b) se o gasto total for previsto no projeto e se deseja minimizar a quantidade de insumos para maximizar o produto.

Fórmula para cálculo considerando a relação existente entre o produto e os custos dos insumos:

Ef = { (MR/CR) x TR } ÷ {( MP/CP) x TP}

Onde: Ef = Eficiência
MR = Meta Realizada
MP = Meta Planejada
CR = Custo Realizado
CP = Custo Planejado
Possíveis Resultados:

Ef > 1 – projeto muito eficiente
Ef = 1 - projeto eficiente
Ef <1 - projeto ineficiente

Ex: Considerando o caso anterior das moradias e supondo que cada casa foi planejada com um custo de R$ 40.000,00 e que o custo realizado foi de R$ 50.000,00, então:
Ef = {( 180 / 50 ) 5 } ÷ { (200/40) 6 } = 0,60