quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Da Globalização de Mercado à Globalização de Riqueza

Da Globalização de Mercado à Globalização da Riqueza
(Uma provocação para discussão em sala de aula)
Prof. José Amado

Analisando as crises que sacudiram a economia mundial, vamos constatar que foram decorrentes de desequilíbrios entre a economia real e a economia monetária, que pode ocorrer por dinheiro demais produtos de menos ou produtos demais dinheiro de menos. O que se tem constatado, entretanto, e que as grandes crises ocorreram, exatamente, pela última razão; retração na demanda agregada, ou seja, redução da procura por bens e serviços por parte das famílias e, neste caso, a solução é simples, adota-se medidas que elevem a demanda agregada. A cartilha econômica indica neste caso, o uso de politica monetária e/ou politica fiscal. Por politica monetária entende-se emissão de moeda, redução do compulsório bancário, recompra de títulos públicos, redução da taxa de redesconto bancário ou ainda redução da taxa de juros ou mesmo uma política de crédito mais flexível e por politica fiscal entende-se a elevação do gasto de governo ou a redução na carga tributária. Esses são os instrumentos clássicos para alavancar a demanda.

E por quê, em se conhecendo o remédio, se permite que a economia descambe para a recessão? Ocorre que são medidas cuja a eficácia esta diretamente relacionada com a antecedência de sua adoção e que devem ser implementadas aos primeiros sintomas, antes que os agentes econômicos, numa atitude de preservação, retraiam-se parcimoniosamente recrudescendo o quadro. Os compêndios de economia chama essa retração de “paradoxo da parcimônia” explicando quando a poupança é prejudicial à economia. Um exemplo tipico desse paradoxo é a economia japonesa que, anda hoje, amarga uma crise que se iniciou em meados dos anos 70, após um espantoso crescimento que durou mais de 20 anos. A depressão é isso: instalado o quadro depressivo, o esforço de recuperação deixa de ser meramente econômico para ser também psicológico. É preciso que os agentes econômicos voltem a acreditar que a economia está recuperada e que voltou a crescer. Quando uma economia encontra-se nesta encruzilhada, até uma vigiada inflação é um instrumento válido para desentesourar o dinheiro (ninguém guarda dinheiro sabendo que ele vai perder poder de compra).

Mas, pode ocorrer que se aplique todo o arsenal acadêmico anti - recessivo e a economia insista em não responder, evidenciando um quadro de falência de confiança dos agentes econômicos conhecido por “armadilha da liquidez”, que vem a ser, grosseiramente, dinheiro demais no sistema, mas que, nem assim, os agentes econômicos animam-se a gastar. Vamos buscar também no Japão o exemplo para esse cenário. O Japão passou a conviver com essa realidade a partir de meados dos anos 70 e, anda hoje, não se recuperou totalmente. Esse é um quadro típico de economias maduras, de baixo cresci memento demográfico, população envelhecida, demandas sociais satisfeitas.

Dificilmente isto ocorreria numa economia de países emergentes, a exemplo do Brasil. Nestas economias a estrutura produtiva não possui escala suficiente para atender a demanda interna e medidas anti-recessivas em doses elevadas pode resultar em um quadro inflacionário. Logo dificilmente haverá um quadro de “armadilha de liquidez”. São países de população jovem, com parcelas significativas da população fora do mercado, carentes de infra-estrutura etc. Mas, mesmo países com estas características, podem apresentar quandro recessivo; O Brasil na década de 80. É isso se pode dar, por uma política rigorosa de combate a inflação: controle de crédito, arrocho salarial, alta taxa de juros, busca de equilíbrio fiscal, etc.
Explicitados estes conceitos, façamos, com propósito meramente especulativo, o seguinte questionamento: ora, sendo as grandes depressões da economia capitalista decorrentes de retração da demanda agregada, ou seja, mais oferta que demanda que, por princípio, deveria provocar uma redução nos preços promovendo o equilíbrio de mercado num patamar de preços mais reduzido, mas que, contrariando a teoria, não é exatamente o que ocorre, sendo a correção feita através de uma decisão exógena de aumento da liquidez, ou seja, de uma política expansionista do governo, que, em ultima análise siginifica, mais dinheiro nas mãos das famílias, o que pode ser obtido, inclusive, com a emissão de moeda que, quando na medida certa, não expõe a economia ao risco de inflação. Mas, considerando ainda, que a retração de demanda ocorre, nessas situações, por uma decisão, não induzida, das famílias, pressupõe que elas estejam confortáveis, liberando, sem sacrifícios, o excedente da produção.

Sendo, os grandes problemas das economias em depressão que tem por causa a retração na demanda agregada, a manutenção interna do nível de emprego e da renda, isto nos leva a supor, ser possível contornar, em parte, pelo menos, para o grande segmento da indústria de bens de consumo corrente, a colocação do excedente no mercado externo, especialmente, para regiões carentes e que apresentem populações com baixo nível de bem-estar e até déficit de colorias. Isso é possível desde que se adote uma política cambial inteligente, subsidiando as exportações à países com elevado grau de pobreza procedendo-se, assim, uma globalizada distribuição de riqueza, com a vantagem de se manter internamente o nível de emprego e da renda.

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